quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"Três é a conta que Deus fez"

Esse provérbio popular talvez se explique pelo número das pessoas da Santíssima Trindade que como se sabe são três, e nos inimigos da alma que são três: mundo, diabo e carne.
Aparece o número três em muitas passagens das santas escrituras. Por exemplo, "Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias" (Matheus XVI, 6).

Na literatura brasileira, vamos encontrar diversos relatos que põem em relevo o número três, o preferido dos escritores, narradores e poetas.
Simões Lopes Neto, em "Contos Gaúchos e Lendas" do Sul incluiu entre os artigos do gaúcho:

"Quando estiveres para embrabecer, conta três vezes os botões da tua roupa"

Alguns autores se referem aos três dias e três noites que duravam as celebrações religiosas na Roma antiga. para os romanos o número três era dotado de poder misterioso e oculto, estava relacionado as conquistas e vitórias. Entre as nossas tradições, o carnaval dura três dias, para muitos, dias de folga e alegria, para outras, reflexão.

Na poesia "Ninguém mais" revela o poeta Cassiano Ricardo sua predileção pelo número três:

"Só tenho três amigos
Meu eco,
Minha imagem,
Minha sombra"

Os padres em geral, impõem como penitência, três Aves-Marias.

"Não pude resistir
- seu padre, eu agora mesmo estou cometendo um pecado mortal. Neste instante,
estou pensando que o senhor é um burro.
O peso desabou, fiquei leve e feliz.
O padre riu e me receitou três aves-marias por penitência".

Esse trecho é do livro "A Busca" de Maria Julieta Drumond de Andrade.
Em sua interessante monografia folclórica sobre o rio das garças, diz o escritor Francisco Brasileiro.

"Das coisas que o mundo ensina
três são danada, eu acho,
muito cuidado requer,
fogo de serra acima,
água de serra abaixo
e capricho de mulher."

Lá vai o "três-pancadas", falando sem parar, "a-três-por-dois", sem prestar atenção a nada, isto é, a "dois ou três".